O jogo do bicho é uma tradição brasileira que remonta ao final do século XIX, quando foi criado como uma forma de promover a visitação a zoológicos. Porém, a associação desse jogo com a literatura, especialmente com obras de Machado de Assis, revela um lado intrigante da cultura brasileira. Neste artigo, exploraremos a relação entre Machado de Assis e o jogo do bicho, destacando como este jogo se tornou parte do imaginário coletivo e as referências literárias que o cercam.

A Origem do Jogo do Bicho

O jogo do bicho nasceu em 1892, quando o zoológico do Rio de Janeiro começou a distribuir bilhetes com animais para atrair visitantes. Cada bilhete representava um animal, e os jogadores apostavam em qual animal seria sorteado. Essa ideia simples rapidamente se popularizou, transcendeu as portas do zoológico e se tornou um fenômeno cultural.

Os Animais e Suas Simbologias

Os animais do jogo do bicho possuem significados e simbologias distintas na cultura popular. Por exemplo, o avestruz representa a sorte, enquanto o leão é associado à força. Esta conexão emocional com os animais é o que, muitas vezes, atrai as pessoas a participar desse jogo.

Os jogadores estabelecem suas próprias relações e superstições em torno dos animais, criando um fervor que faz do jogo mais do que uma simples aposta:

  • Avestruz: Representa sorte e é frequentemente escolhido por aqueles que acreditam em atrair boas vibrações.
  • Leão: Associado à força e coragem, escolhido por apostadores que buscam segurança em suas decisões.
  • Cavalo: Um símbolo de liberdade e velocidade, muitas vezes escolhido por aqueles que desejam rapidez nas suas conquistas.
  • Machado de Assis e o Jogo do Bicho

    Machado de Assis, um dos mais influentes escritores brasileiros, viveu em um período em que o jogo do bicho estava em ascensão. Embora ele não tenha escrito especificamente sobre o jogo, suas obras muitas vezes refletem a complexidade da sociedade brasileira daquele tempo. A obra Dom Casmurro, por exemplo, retrata a cultura da época, onde a especulação e a busca por segurança emocional permeiam as relações humanas.

    Referências na Literatura

    A obra de Machado também pode ser interpretada como uma metáfora para o jogo do bicho. A incerteza das apostas e a busca por resultados nos jogos se assemelham às relações humanas em suas histórias. A dúvida em torno da fidelidade, a habilidade de manipular informações e as jogadas sociais refletem a mesma imprevisibilidade que os apostadores sentem em um jogo:

  • Pessoas em busca de sorte: Assim como os personagens de Machado, os apostadores buscam no jogo um escape ou uma alternativa para suas frustrações.
  • Manipulação de situações: Assim como no jogo, as dinâmicas sociais apresentadas nas obras de Machado revelam um jogo de interesses e estratégias.
  • A Continuidade Cultural

    O jogo do bicho continua sendo uma parte vibrante da cultura brasileira. Apesar da proibição e do estigma que muitas vezes o cercam, a prática é amplamente difundida e aceita em diversos âmbitos sociais. Assim como a literatura de Machado de Assis que ainda ressoa com os brasileiros, o jogo do bicho permanece uma forma de interação social e cultural.

    Relacionamentos e Comunidade

    O jogo do bicho é frequentemente uma atividade comunitária, unindo pessoas e criando laços. As rodas de aposta e os grupos de amigos que se reúnem para jogar são um reflexo da sociedade. Esse aspecto comunitário está presente nas narrativas de Machado, que frequentemente exploravam as interações humanas e suas complexidades.

    A intersecção entre o jogo do bicho e a literatura de Machado de Assis mostra como a cultura popular consegue, muitas vezes, dialogar com grandes obras literárias. As reflexões sobre a natureza humana, insegurança e desejos se cruzam em um espaço onde a literatura e o jogo se entrelaçam, fazendo parte do rico tecido cultural brasileiro.